domingo, 27 de março de 2011

Dominus Ira - Dominus Odium - Dominus Angor

Existem dias que dá uma vontade de ir para o lado negro da força e se tornar o vilão.


Dominus Ira.






E se uma fúria tomasse conta de mim.
A cada palavra sua que fosse dirigida a mim.
A cada palavra dirigida a você.
A cada olhar dirigido a você.
E se eu fosse me consumir em ira pura.
Quando visse a cobiça.
Que enche os olhos do homem.
Que enchem os olhos do mundo.
E um ódio poderia me tomar.
Inteiramente a cada visão.
Que eu tivesse e imaginasse.
A cada passo que eu imaginasse.
E se todas estas angústias.
Que meu peito insiste em guardar.
Que eu insisto em sentir.
Explodissem todas de uma vez.
Já teria entrado em colapso.
E que meu Deus me perdoasse.
Pelo erro que eu poderia cometer.
Em vingar o rancor que tenho guardado.
E mesmo com tudo isso.
Seu olhar me acalmaria.
Por mais malicioso ou inocente que possa ser.
Por mais interpretado que seja.
Me acalma e me faz de tudo esquecer.



Dominus Odium





Ainda ofereço este ódio que se alimenta da inveja e do ciúme da ganância e do poder que nacera sobre fracos e inúteis, rio do sucesso e do fracasso e reina absoluto no tempo. Um ódio total, solícito, voluntarioso e polido, cínico e exuberante, com elegância faz as guerras e dizima pela fome,que  usando negra-mente o nome de Deus, pune, mata e destrói. Um ódio que elimina obstáculos e é espelho maior, um ódio eterno que se disfarça em glórias e orações, penitências, ladainhas e procissões. Surgem lentamente, lentamente, lentamente para aflorar como um vulcão impiedoso e destruidor derrotando sentidos, sentimentos, esperanças e pulsações. Ofereço pois a quem nunca estendeu a mão a quem ofendido não perdoou e agredido não esqueceu o esquecido não lembrou! A quem a morte é o momento de saber que não viveu..
Dominus Angor



Fogem-me as palavras para um lugar que não encontro.
Não consigo escrever.
Não consigo pensar.
Sinto-me paralisada, acorrentada.
As mãos não agem, as ideias não flúem.
Sinto-me instável.
Sinto-me mal.
Não suporto esta dor.
Que agonia!
Esta limitação, consome-me.
Aprisiona-me num corpo que não é o meu,
Em gestos e atitudes que ambiciono e não consigo. Numa vontade que está tão longínqua como eu também me sinto.
Longe e a definhar.
Quero lutar,
Mas cala-se-me a voz,
A atitude
E o gesto!
E tudo por causa desta dor silenciosa e dilacerante.


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